domingo, 22 de novembro de 2009

PALAVRAS!


É difícil ter palavras para falar da poesia de Ary dos Santos. Ela fala por si!
É um soneto lindo!

Epígrafe
(Insofrimento in Sofrimento, 1969 )

De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
- expressão da multidão que está comigo

5 comentários:

  1. Ao poeta a sua voz de resistente que foi sempre. A poesia foi sempre uma arma que despertava consciências.Obrigado Ary!

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  2. Este soneto é qualquer coisa que nos faz pensar. E, se pensarmos que a palavra é a faculdade natural de falar e foi dada unicamente â especie humana, antes de a expressarmos devemos pensar duas vezes.

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  3. Ainda bem que há vento porque leva as palavras que nada valem. Quando regressa traz-nos as que falam, as que dizem, as que gemem e choram, as que riem e rimam.
    abraço

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