Hoje, só porque me apetece, deixo aqui um soneto de Manuel Alegre, cheio de simbolismo e de verdade,de que gosto muito.
Para intervir na sociedade, Alegre servir-se-á sempre das suas «mãos»: a poesia, a frontalidade,a forma de estar(polémica, às vezes), a «fidelidade a Portugal e ao povo português», como afirmou no seu último discurso no Parlamento.
Se quisermos, contaremos sempre com ele!
AS MÃOS - MANUEL ALEGRE
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
Sem comentários:
Enviar um comentário